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quinta-feira, 10 de julho de 2014

Luz câmera e tesão!



Luz, câmera, ação! Aliás, muita ação: por cima, por baixo, de lado, por trás, com um, dois, uma, duas… Ahh, uhhh, oohh, mais, com força! É isso mesmo o que você está pensando, pornografia pura, explícita! O Bolsa de Mulher invadiu os bastidores de um filme pornô e vai em primeira mão relatar o que rola (e o que não rola) numa produção deste gênero – digamos, mais ousado – da sétima arte. Com vocês, então, quem movimenta a imaginação, o tesão e alguns milhões de reais levando e fazendo sexo na frente das câmeras: produção e elenco da indústria pornográfica e, por que não?, cinematográfica brasileira.
Não precisamos nem dizer que tudo ali é pra valer. O mecanismo é praticamente o mesmo de qualquer filme em relação à interpretação dos atores: quanto mais realista for a cena, melhor é considerado o trabalho, capisci? Desta forma, os artistas cavam seu lugar ao sol na indústria cinematográfica pornô. Para começar, não é necessário ter registro de ator para se dedicar à arte do rala-e-rola. Basta disposição, principalmente nos homens, desinibição, principalmente nas mulheres, e, claro, gostar muuuuito da coisa, sem medo, preconceito, frescura e preferências. Porque, no caso, não dá pra eleger o parceiro e sim encarar quem for escalado – homem, mulher, travesti e o que mais a imaginação do roteirista mandar. O produtor Kiko Costa conta que o elenco é escolhido a partir destes requisitos. “Cada um fala o que topa fazer e as fotos são enviadas aos clientes, eles aprovando, nós gravamos”, diz ele. Isso porque não existe um contrato estabelecendo o que vai conter no roteiro, tudo é acordado verbalmente – por isso a necessidade de se colocar sem barreiras para pegar o papel.
Gente que rala!!

Uma das maiores estrelas nacionais do cinema pornô, com mais de cem filmes no currículo, é Mayara Rodrigues. Para ter uma noção de quem é Mayara, a moça foi finalista do Bang Gang, na Polônia, onde encarou nada mais nada menos do que 700 homens, apenas à base de KY. O queeê?! Isso mesmo. “Mas era rapidinho, cada um metia apenas um minuto”, conta. Claro que tamanha maratona rendeu um certo desgaste físico. “No final, tive que colocar uma bolsa com gelo lá”, confessa Mayara. Mas vamos ao que interessa, os filmes pornôs. O mercado é um pouco restrito, portanto é pequena a variação de elenco das produções. “São quase sempre os mesmos atores, o que facilita o entrosamento na hora de gravar. Já existe uma amizade entre a maioria das pessoas desse meio”, revela Mayara.
Bom, por conta da intimidade prévia entre os astros pornôs, o aquecimento também deixa de ser um obstáculo para a veracidade das cenas. É chegar lá, fazer um clima, com direito às tradicionais preliminares, pra relaxar – afinal, são artistas sexuais e não máquinas sexuais – e pronto: dedos, línguas, quadris… à obra. Você deve estar se perguntando se não rola um inicio de conversa mais forte, com birita e algum tipo de remédio que dê alegria para soltar a galera. “Isso é de cada pessoa, no set não rola drogas, mas não temos como controlar o que cada um faz antes de chegar ou no banheiro”, diz Kiko.
Mas como explicar aquela disposição toda por parte dos homens, será que é só saúde? “Muitos atores tomam remédio para manter a ereção ou para executar cenas mais difíceis. E há também aqueles que tomam, mas se não tiverem que funcionar, não funcionam mesmo”, relata Kiko. Vamos ouvir agora quem realmente opera o brinquedo. “Eu só tomo quando estou no limite das minhas forças. Faço por dia no máximo quatro cenas, a última quase sempre tem que ser à base do Viagra. Quem fala que não, tá mentindo”, assume o ator pornô, com quatro anos de carreira, Wesley Nike – um rapaz pra lá de desinibido, franco e bastante objetivo na hora de falar sobre seu ofício.
Problemas desta ordem também podem existir por conta da direção das cenas. Tudo ali é calculado, do ângulo ao menor gemido. “Acaba atrapalhando um pouco, o ator perde o pique. Mas, como qualquer outro trabalho, deve ser encarado como uma tarefa, pensar no dinheiro e que gosta de mulher, seja ela gostosa, gorda, velha, magra… O cara que vai filmar pensando no tesão que tem pela mulher, acaba gozando rápido e estragando tudo”, diz Wesley. Apesar de afetar o bom andamento da seqüência, principalmente para os inexperientes, a interferência de terceiros, quartos, quintos… é justificada. “Existe muito dinheiro envolvido, é um trabalho sério e profissional, por isso não pode ser feito em forma de bagunça. É quase uma receita de bolo, algumas posições são de praxe. No mais, segue exatamente a mesma lógica de qualquer produção, com edição e corte”, afirma o produtor Kiko Costa.
Ossos do ofício
Nos dias de hoje, em se tratando de sexo, não podemos deixar de lembrar e perguntar se a camisinha também entra em cena com o elenco. “Nas produções nacionais usamos camisinha, só que nas estrangeiras, a exigência é que seja sem preservativo”, conta Mayara. Para segurança geral da nação, – atores e não-atores, até porque eles praticam sexo sem ser na frente das câmeras – são feitos exames de 15 em 15 dias para checar se está tudo certo com a saúde dos astros. Viver perigosamente deve dar medo. “Nas filmagens, temos controle de quem é quem. Estou acostumado com isso e, além do mais, tenho fé em Deus”, comenta Wesley Nike, garantindo que não é promíscuo. Fora dos sets, só transa de camisinha.
Agora, passemos para os detalhes das relações, as sexuais em si. “Eu uso sempre lubrificantes, mas dispenso os anestésicos”, diz Mayara. Como assim?! – Está certo que a dor do sexo anal é uma questão de não saber fazer direito, o que não é o caso dos nossos entrevistados. “Não gosto nem pra fazer anal. A gente fica insensível, me incomoda mais do que sem”, diz ela. Então, tá. Vai ver o tamanho do dito-cujo deve ser o PP. “Olha, se for muito pequeno não dá pra ser ator pornô”, diz Mayara. É, faz sentido. Sem camisinha, sem anestésico, sem limite de metragem e sem freio. Opa! No mínimo tem que ter alguma preparação para encarar o anal de frente. “Tomamos banho antes de cada cena, e quando rola anal, fazemos uma ducha. Algumas meninas também tomam laxantes para evitar de sujar o ator e ter de parar tudo”, informa Mayara Rodrigues.
Com essa pressão toda, pode parecer difícil para as amadoras da arte do sexo pensar em orgasmos. Mayara diz que eles podem acontecer naturalmente, dependendo da situação encenada e, claro, de quão realista, comovente e excitante ela seja – um bom ator também ajuda, né? “Fica mais fácil, sim”, assume Mayara. Segundo ela, outro detalhe que facilita a entrega total à personagem, e ainda a encontrar prazer com o trabalho, é o roteiro. “Os de histórinhas são mais legais de fazer”, revela. Aliar trabalho e prazer é tudo o que todos querem. Só que existem pilhas de contas a serem pagas todo mês. E até quanto a isso, eles afirmam que dá, ou dão, pra viver – ó, e como! Alguém duvida?

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